Pular para o conteúdo principal

Contando Minha Vida- Parte 8 | Perdi minha Identidade

Pessoal, primeiramente desculpe-me por demorar em atualizar o blog, mas essa época de festas é um tanto corrida para mim e acredito que para muita gente. Além disso, estou passando um momento de perturbação. Por isso, vou deixar para contar como foi meu emprego na agência no próximo post. Pode ser? 

Eu sempre fui muito inconstante, ora muito nervosa, ora muito sensível, ora fria, ora carinhosa, enfim. Mas isso vem aumentado a frequência de uma forma muito rápida. Estou chorando por pequenas coisas, estou me irritando por nada e sofrendo demais por pouco. 

Foram muitos acontecimentos todos ao mesmo tempo que me moldaram e fizeram com que eu mudasse bruscamente. Meus pais se divorciaram como todo casal normal. Foi uma situação até bastante agradável, pois  não houve nenhuma briga. Dizer que serão amigos, simplesmente isso não existe quando um dos lados ainda ama. Mas isso não vem ao caso. Logo na sequência descobri o motivo do divórcio: meu pai é homossexual. Essa não é uma notícia simples de você aceitar. Até ai eu consegui superar aparentemente bem a situação. O problema é o aparentemente. Minha mãe não trabalhava a bastante tempo. Ela precisou encarar a situação e se adaptar ao novo mundo. Eu também estava mal acostumada com a mamãe em casa para tomar conta das coisas de casa (lavar, passar, cozinhar). Eu ajudava ela sempre que pudia, mas o 'grosso' era ela quem fazia. Foi adaptação dos dois lados.

Desde pequena meu pai era para mim aquela pessoa brava, que se irritava por tudo, que não queria fazer quase nada e que eu morria de medo de ouvir um sermão, pois quando falava não tinha como não chorar de arrependimento. Minha mãe era a minha defensora, do mundo, do meu pai e de tudo. Mesmo assim brigávamos consideravelmente, aquelas brigas em que ambas choravam, gritavam, se irritavam, mas passava um dia, ou nem isso, e já estávamos bem uma com a outra. E isso não mudou.

Meu pai, além de tudo era muito exigente e falava sempre que eu era capaz de tudo e que eu precisava conquistar minha independência. Eu sempre quis ser o orgulho dele e para isso me esforcei bastante. Digamos que para ele, exigente demais, não fiz o esforço suficiente. Para mim, foi o meu melhor. Eu só consegui conquistar o orgulho dele depois dos 18 anos e considero demorado demais. Devido essa exigência extrema, acabei adquirindo uma ansiedade e uma ambição fora do comum. Eu tenho necessidade de mudar, crescer e evoluir progressivamente e isso nem sempre é bom.

Essa ambição levou embora minha identidade.
Qual é mesmo a cor que eu mais gosto? Qual é mesmo meu hobby, o que eu mais gosto de fazer? Não sei, não tenho mais nada disso. Vivo em função de uma meta idiota de sucesso profissional e estabilidade financeira que me maltrata. Matou aquela garota divertida, que ria de tudo, que fazia graça de tudo, que animava a galera, que dançava ao som da música, que queria ser criança. Cadê? Onde ela foi parar? Eu preciso reencontrá-la, senão, sinto que vou viver por viver e sem motivos, sem uma felicidade absoluta. Vivendo apenas de alegrias momentâneas. Não quero isso! Não quero! Eu me tornei uma garota materialista e ambiciosa que adora vangloriar suas conquistas como se fosse melhor por ter conseguido tudo o que conseguiu, e a vida não é assim. Cadê a minha humildade.

Eu só me sinto leve quando estou com meu pai porque ele se orgulha de minhas conquistas e é o único que alimenta minha ambição. E eu que era tão tão distante dele agora me sinto a vontade apenas quando ele está por perto. Será que isso é reflexo do divórcio dos meus pais? Será que isso é saudade dele? Será que se ele continuasse morando lá em casa seria assim ou seríamos distantes como éramos?

Todas essas questões e mais um monte delas que não cabem nesse post perturbam minha mente e eu não quero mais. Quero calar essas vozes e viver leve! A real é que eu percebi só agora que eu sempre precisei de um tratamento psicológico. E isso não é ser louca. Mas também se for, qual o problema da minha loucura?

#parti

Comentários

Top 3 do mês

Ilustração minimalista & Clássicos Infantis

Não é intencional, todavia, o post de hoje também tem muito em relação às crianças. Creio que esse Dia das Crianças esteja me influenciando de uma maneira até imperceptível a recordar de coisas da minha infância e dar uma ênfase maior a tudo isso. É louvável dizer que a fase de criança é uma delícia de viver e deixa boas recordações para o resto da vida. Eu também acredito que haja um pouco de Peter Pan dentro de mim que se recusa a "crescer" e a deixar a essência de criança se dissipar no mundo de responsabilidades, rotinas, cobranças, entre outras coisas relativamente chatas do "mundo dos adultos". Senta que lá vem a história: Quando eu era criança minha avó trabalhava como empregada doméstica em uma casa de família. A patroa da vovó sempre foi uma senhora muito carismática e adorava crianças. Minha avó morava na casa da família, e sempre recebia convites para passar o dia lá. Era uma alegria enorme porque lá tinham brinquedos esquecidos, gibis, fitas de

Tudo o que eu odeio em você by Raiane Ribeiro

Não consigo me lembrar qual o exato momento em que decidi deixar você me guiar. Nem sei se quero. Que diferença faz onde começou quando tudo o que importa é onde estamos nesse exato momento? Quase acreditei que gostasse de tudo o que faz você ser você, mas na verdade percebi que sinto ódio. Tenho ódio do seu cabelo meio arrumado, meio bagunçado, porque quero sempre inventar alguma desculpa idiota pra passar a mão de leve nele.  Odeio o seu jeito calmo porque ele deixa minha neurose de lado e me acalma. Me acalma tanto. Odeio sua conversa interessante, divertida e natural porque ela me mostra que eu não preciso mais procurar por assuntos e isso me assusta um pouco.  Odeio você gostar de mim naturalmente porque não preciso mais me desesperar para parecer melhor do que eu sou porque você me vê despida de todas as minhas defesas e ainda assim me ama. Odeio sua sinceridade porque ... continuar lendo